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O ENVELHECER: Considerações finais

Considerações finais

Para a medicina natural chinesa, a preservação física e energética, será sempre a forma mais coesa de prevenção e de diminuição dos efeitos deletérios entre os homens.

Um envelhecimento satisfatório depende do equilíbrio entre as limitações e as potencialidades do indivíduo, ajudando-o a lidar com as perdas inevitáveis decorrentes desse processo de forma autônoma e independente, proporcionando-lhe ganhos em qualidade de vida.

O processo de envelhecimento envolve aspectos relacionados às muitas alterações na vida e no próprio corpo. Segundo LOPES, R. & CALDERONI.

Ao envelhecer, o indivíduo é forçado a se deparar com alterações físicas e psicológicas, em si próprio, e também com mudanças nas suas possibilidades de atuação no mundo, especialmente no que se refere o seu lugar na estrutura familiar. (2002: 99).

Segundo SÉRGIO PASCHOAL, envelhecer sem incapacidade é fator indispensável para a manutenção de boa qualidade de vida; Este autor acrescenta:

A trajetória que o declínio funcional toma, mais lenta ou mais rápida, depende de uma série de fatores: da constituição genética, dos hábitos e estilos de vida, do meio ambiente, do contexto sócio econômico, cultural, e até mesmo, da sorte de nascer numa sociedade mais ou menos desenvolvida e numa família mais ou menos abastada […] Incidentes críticos, como doenças e acidentes, colocam o indivíduo numa inclinação mais profunda de sua curva de declínio funcional. (1996:315)

 

“Ao nascer, o Homem é suave e flexível;

Na sua morte, é duro e rígido.

Plantas verdes são tenras e úmidas;

Na sua morte, são murchas e secas.

Um arco rígido não vence o combate.

Uma árvore que não se curva, quebra.

O duro e o rígido tombarão.

O suave e o flexível sobreviverão.”

              Dao De Jing – Verso 76

 

O ENVELHECER: Olhar clássico da medicina natural chinesa

Olhar clássico da medicina natural chinesa.

A medicina natural chinesa aponta o processo de envelhecimento como o resultante de um decréscimo da Essência (Jing) do Rim (Shen) por toda nossa vida. A essência (Jing) do Rim (Shen) declina com a idade e na verdade, a sintomatologia associados com o envelhecimento é decorrente da deficiência dos mesmos. A audição diminui porque a Essência (Jing) do Rim (Shen) não pode alcançar os ouvidos, os ossos tornam-se quebradiços e debilitados por causa da Essência (Jing) do Rim (Shem) que falha ao nutrir os ossos e a medula óssea, a função sexual decresce em decorrência a um declínio da Essência (Jing) do Rim (Shen) e o Fogo do Portão da vitalidade (Ming Men) que não pode nutrir os órgãos sexuais. O nascimento e o crescimento dos cabelos dependem da essência Jing e do sangue (XUE). O Rim armazena a essência e diz-se que reflete o seu brilho nos cabelos, sendo estes, vindos do excesso do sangue (XUE). No adulto jovem que tem abundância de essência e de sangue (XUE), os cabelos possuem brilho e cor. A insuficiência da energia (QI) e do sangue (XUE) no velho deixa os cabelos brancos e ralos.

A palavra Ming Men aparece primeiramente no Ling Shu. Seguindo em Nan Jing, 36ª questão, onde passou a corresponder a um órgão interno “Cada um dos rins tem uma denominação”. O da direita é o Ming Men e o da esquerda é o rim. O Ming Men (porta da vida) é o local da morada da essência do espírito que é ligado à energia primordial. Várias são as teorias e as controversas a respeito da localização e da função fisiológica do Ming Men. Todas estas teorias são concordantes quanto à ligação do Ming Men com o Rim, sendo que o rim é considerado a base dos cinco órgãos contendo o verdadeiro Yin e o verdadeiro Yang.

Quando se diz que o rim armazena a energia essencial Jing Qi, esta corresponde à essência congênita e à essência adquirida. A primeira é a essência herdada do pai e da mãe no nascimento é a substância original que promove o desenvolvimento do embrião, a segunda é proveniente da ingestão alimentar que ao passar pelos processos de transporte e digestão das funções do baço e do estômago forma a energia essencial. A energia essencial que sobra, depois de nutrir as atividades funcionais dos órgãos e das vísceras, é armazenada no rim. O suporte nutritivo continua até que a energia essencial do rim chega a um nível máximo, para depois gradualmente diminuir, enfraquecendo até se esvair. A energia essencial do rim é à base das atividades vitais do organismo. A diminuição desta é acompanhada de um decréscimo da função sexual e endócrina, que é acompanhada de uma diminuição da capacidade reprodutora até o seu completo desaparecimento, dando início ao processo de envelhecimento propriamente dito.

Em relação aos tecidos do corpo humano, o rim é relacionado aos ossos. Controlando os ossos e gerando a medula, manifestando toda a sua energia, no brilho e no vigor dos cabelos. A abundância da energia essencial do rim influencia não somente a formação e desenvolvimento dos ossos como também o desenvolvimento e a manutenção do cérebro e medula espinal. Os ossos frágeis, fáceis de fraturarem em idosos são relacionados a uma insuficiência da energia essencial e a um vazio insuficiente da medula óssea. Conforme as pessoas envelhecem, o Jing Qi fica deficiente e fraco, os cinco Zang desvanecem e o Zheng ou Qi torna-se insuficientes.

Assim as seis energias (Qi) perversas, podem invadir facilmente os corpos dos idosos e provocarem doenças. Por isso é comum ver velhos com quadros de asma recorrente ou tosse quando se aproxima o inverno ou sofrerem colapso e morte súbitos durante o calor intenso do verão ou frio no inverno.

 

Introdução a Medicina Tradicional Chinesa

A acupuntura e a Moxa são uma parte importante da MTC, do grande tesouro da Medicina e Farmacopéia da China. Tem uma história que remonta há mais de dois mil anos. Durante longo tempo de prática, os médicos de diversas dinastias chinesas enriqueceram, desenvolveram e aperfeiçoaram esta especialidade da MTC, que abrange diversas teorias básicas, tais como o Yi e Yang, os Cinco Movimentos, Zhang-Fu, Qi-Xue, Jing-Luo (canais e colaterais), assim como vários métodos de manipulação de agulhas e experiências clínicas importantes do tratamento segundo os sintomas e sinais, fazendo com que a Acupuntura seja uma terapia muito eficaz da China.

A Acupuntura é uma terapêutica milenar que utiliza agulhas, moxas e outros instrumentos para liberar substâncias químicas no organismo com efeito analgésico e/ou antiinflamatório e assim, aliviar dor e outros sintomas decorrentes de determinadas patologias.

A denominação Acupuntura é atribuída a um jesuíta europeu no século XVII que adaptou os termos chineses Zhen Jiu, juntando as palavras latinas Acum (que significa agulha) e Punctum (picada ou punção). A tradução literal, no entanto, é bem diferente. O correto seria Zhen (agulha) e Jiu (moxa). A moxa ou mogusa (termo de origem japonesa) é confeccionada com as folhas secas da planta Artemisia sinensis, usada na moxibustão, ou seja, queima de pequenas porções desse vegetal associada ao tratamento com as agulhas.

Acus = Agulha / Punctura = Picada

Em 1979, a Organização Mundial de Saúde (OMS) tomou a decisão de indicar o tratamento acupuntural na terapia do resfriado, da amigdalite aguda, da enxaqueca, da nevralgia do trigêmio, da ciatalgia, da gastrite aguda e crônica, da constipação, da odontalgia e outras, num total de 43 enfermidades.

A acupuntura trata as doenças por meio de agulhas. Consiste em inserir uma agulha metálica finíssima de corpo longo em determinados pontos, aplicando certos meios de manipulação para produzir sensações no paciente, intumescimento, distensão e sensações de peso, com a finalidade de minimizar ou curar uma enfermidade.

A moxa, como o próprio nome indica, trata a enfermidade cauterizando ou aquecendo. Esta terapia consiste em aplicar cones ou bastões acesos feitos com folhas secas e enroladas com Artemísia sobre determinadas regiões da pele com o propósito de minimizar ou curar a enfermidade.

AURICULOTERAPIA

A auriculoterapia é uma técnica terapêutica que promove a regulação psíquico-orgânica do indivíduo por meio de estímulos nos pontos energéticos localizados na orelha – onde todo o organismo encontra-se representado como um microssistema – por meio de agulhas, esferas de aço, ouro, prata, plástico, ou sementes de mostarda, previamente preparadas para esse fim.

A auriculoterapia chinesa faz parte de um conjunto de técnicas terapêuticas que tem origem nas escolas chinesa e francesa, sendo a brasileira constituída a partir da fusão dessas duas. Acredita-se que tenha sido desenvolvida juntamente com a acupuntura sistêmica (corpo) que é, atualmente, uma das terapias orientais mais populares em diversos países e tem sido amplamente utilizada na assistência à saúde.

Diagnóstico da dor segundo a Medicina Tradicional Chinesa

Na Medicina Tradicional Chinesa a dor é compreendida como conseqüência da interrupção de processos biológicos. A normalidade desses processos depende das duas substâncias (concepções fisiológicas) Qi e sangue, fundamentais para as operações do organismo, e a dor sinaliza a sua disfunção.

Qi (energia) e Xue (sangue) têm sido tomadas como correspondentes às funções do sistema nervoso e do sistema circulatório, respectivamente. Uma das suas características básicas é fluir, estar em movimento. Quando fluem livremente, não há dor. Quando sofrem interrupção, seja por causa de deficiência das funções orgânicas que garantem o movimento de Qi e sangue, ou devida à presença de fatores patogênicos operantes, manifesta-se a dor.

A sensação de dor é diferente, quando devida a estagnação do Qi ou a estase do sangue. A estagnação do Qi provoca sensação de distensão ou de traumatismo, que varia no tempo – em intensidade e localização. É geralmente uma comorbidade de alterações emocionais importantes.

A estase do sangue, por outro lado, se caracteriza por uma sensação de tumefação dolorosa, ou dor aguda, em pontada, cortante, com localização bem definida. Mas o fluxo de Qi e sangue também pode estar inibido por causa de deficiência de cada uma ou das duas substancias. Nesse caso, a dor não é intensa como a do excesso, mas é continuada e duradoura.

A dor que piora depois de repouso, e melhora depois de exercício leve, é devida a deficiência simultânea de Qi e de sangue, porque durante o repouso ou a imobilidade não há Qi sangue suficientes para circular, enquanto o movimento em si mesmo promove a movimentação de Qi e sangue, trazendo alívio para esse tipo de dor

Quando é devida a deficiência do Qi, a dor é pior no final do dia, ou depois de atividade intensa, porque o uso consumiu o Qi, tornando-o ainda mais deficiente. A dor devida a deficiência do sangue tende a ser pior à noite.

A dor músculo-esquelética crônica na Medicina Tradicional Chinesa

A síndrome bi corresponde, na Medicina Tradicional Chinesa ao quadro clínico de dor músculo-esquelética crônica. A principal manifestação clínica é a dor, à qual podem se associar sensações de peso e parestesia, impotência funcional de estruturas músculo-esqueléticas (tendões, músculos, ossos e articulações), assim como aumento de volume articular e da temperatura do local.

O seu mecanismo básico é interrupção do fluxo de Qi e de Sangue nos meridianos, pela presença duradoura de um Fator Patogênico1 . A fisiopatologia inclui uma deficiência dos aspectos nutritivo e defensivo das funções orgânicas (Ying – Wei Xü), o que favorece a ação nociva dos fatores patogênicos.

A síndrome pode se apresentar de modo continuamente progressivo, ou intermitente. Em geral sua evolução é lenta, e em alguns casos pode ocorrer um quadro inicial de sudorese, febre, sede, dor e edema de faringe, e desconforto generalizado, como a dor que ocorre na gripe comum, chamada na Medicina Tradicional Chinesa de Feng-Han (Vento-Frio).

Para a maioria dos pacientes, o início da doença é mal definido, a dor é migratória ou é persistentemente localizada, ou se apresenta como dor em agulhada, ou com sensação de parestesia, ou com edema.

A síndrome bi é categorizada segundo o fator patogênico, nos tipos Vento (Feng), Frio (Han), Umidade (Shi) e Calor (Re).

A dor é classificada clinicamente em tipos Móvel (Xing Bi), Doloroso (Tong Bi) e Fixo (Zhuo Bi). O tipo Vento (Feng Bi) também é chamado de tipo Móvel (Xing Bi), o tipo Frio (Han Bi) de Doloroso (Tong Bi) e o tipo Umidade (Shi Bi) de Fixo (Zhuo Bi).

A patologia pode se localizar na Superfície ou na Profundidade. Biao, a Superfície, é a zona do corpo que compreende os membros e as estruturas envolvidas com a sustentação e com o movimento, que é a dos chamados Meridianos (Jing Luo). Li, a Profundidade, é a região dos Órgãos Internos (Zang Fu).

As dores podem ter origens diferentes: interna (órgãos e vísceras), ou externa (músculo-esquelética). As dores devidas a entorses, traumas ou síndrome bi envolvem apenas a região chamada Biao na MTC (superfície, em oposição a Li – profundidade), onde estão os Meridianos, ou seja, o plano músculo-esquelético.

Outros tipo de dor envolvem os órgãos internos (Zang Fu). Por exemplo, uma dor abdominal associada a constipação ou diarréia, naturalmente é devida a distúrbios intestinais. Quando a dor tem origem em perturbações dos órgãos internos, sempre aparecem sintomas desses distúrbios, permitindo uma distinção.

Entre as síndromes Bi de evolução prolongada, a mais freqüente é a modalidade atribuída à deficiência de Qi e sangue. O mecanismo subjacente é a deficiência do Qi Correto (Zheng Qi). O resultado é dor articular persistente, de tratamento difícil. O paciente se apresenta fatigado, sem brilho da face, com dor lombar, sensação de frio e dificuldade para movimentar os membros.

Yin e Yang

             A teoria do Yin Yang é uma estrutura conceitual que foi usada para observação e análise do mundo material na China antiga. A antiga teoria do Yin Yang foi formada nas Dinastias Yin e Zhou de (décimo sexto século – 221 a.C.). O termo Yin Yang apareceu primeiro no The Book of Changes:”Yin e Yang refletem todas as formas e características existentes no universo”.

Até o período da primavera e do outono (770 – 476 a.C.) e o período dos Estados Combatentes (475 – 221 a.C.), a aplicação da teoria do Yin Yang se aprofundou em todas as escolas de pensamento. Salientou-se no capitulo 5 do livro Plain questions: “Yin Yang são as leis do céu e da terra, o grande esqueleto de todas as coisas, os pais das mudanças, e raiz e o começo da vida e da morte…”.

Esta citação expressa a idéia que todos os eventos naturais e estados de ser estão arraigados no yin e no Yang e podem ser analisados pela teoria do Yin Yang. Esta, porém, não permite por si mesma referir a qualquer fenômeno concreto objetivo. É precisamente um método teórico para observação e análise dos fenômenos. Yin e Yang é uma conceituação fisiológica, uma maneira de generalizar os dois princípios opostos que podem ser observados em todos os fenômenos relacionados dentro do mundo natural. Podem representar dois fenômenos separados com naturezas contrárias, bem como aspectos diferentes e opostos dentro do mesmo fenômeno. Assim, o povo chinês antigo, no curso de sua vida cotidiana e trabalho, chegaram ao entendimento que todos os aspectos do mundo natural podiam ser compreendidos com tendo um aspecto dual, por exemplo, dia e noite, brilho e obscuridade, movimento e quietude, direção ascendente e descendente, calor e frio, etc. Os termos Yin e Yang são aplicados para expressar estas qualidades de condição dual e opostas. O capítulo 5 do livro Plain Questions declara: “Água e fogo são símbolos do Yin e Yang”. Isto significa que a água e o fogo representam os dois aspectos primários opostos e contraditórios. Baseado nas propriedades da água e do fogo, tudo no ambiente natural pode ser classificado com Yin ou Yang. Aqueles com as propriedades básicas do fogo, como calor, movimento, brilho, direção ascendente e externa, excitação e potência, pertencem ao Yang; aqueles com propriedades básicas da água, como frieza, quietude, obscuridade, direção descendente e interna, inibição e fraqueza, pertencem ao Yin. Adequadamente, dentro do campo de medicina, diferentes funções e propriedades do corpo são classificadas com Yin ou Yang. Por exemplo, o Qi do corpo que tem funções de movimento e aquecimento é Yang, enquanto o Qi do corpo tem funções de nutrição e umedecimento é Yin.

A natureza Yin Yang de um fenômeno não é absoluta, mas relativa. Esta relatividade é refletida de dois modos. Por um lado, sob certas condições, Yin pode mudar para Yang e vice-versa (a intertransformação natural do Yin e do Yang) e, por outro lado, qualquer fenômeno pode ser dividido infinitamente em seu aspecto Yin e Yang, refletindo sua própria relação intrínseca Yin Yang. O dia, por exemplo, é Yang, enquanto a noite é Yin. Porém, cada um deles pode ser classificado, posteriormente, como se segue: a manhã representa o Yang dentro do Yang, a tarde é o Yin dentro do Yang, a primeira metade da noite é Yin dentro do Yin e a segunda metade da noite é o Yang dentro do Yin. Esta diferenciação do mundo natural em suas partes opostas pode ser infinitamente levada em consideração.

Pode ser percebido, então, que Yin e Yang são ao mesmo tempo opostos em natureza e, todavia, mutuamente dependentes. Tanto se opõem como se complementam um ao outro, e existem dentro de todo o fenômeno natural. A MTC aplica os princípios do Yin Yang de interconexão e transformação continua para o corpo humano para explicar sua fisiologia e patologia e orientar o diagnóstico clínico e o tratamento.

O ENVELHECER: Tratado sobre a Verdade Natural nos Tempos Antigos

Tratado sobre a Verdade Natural nos Tempos Antigos – Texto extraído do Livro de Acupuntura do Imperador Amarelo – Tradução dos 34 capítulos de Huang Ti Nei Ching Su Wen.

Evoluçao da vida

Huang Di ou Huang-Ti (黃帝) (pinyin: huángdì), conhecido como o Imperador Amarelo, é um dos Três Augustos, reis lendários, sábios e moralmente perfeitos que teriam governado a China durante um período anterior à Dinastia Xia. O Imperador Amarelo teria reinado de 2697 a.C. a 2597 a.C. Foi considerado o ancestral de todos os chineses da etnia Han (a principal etnia da China) e o introdutor do antigo calendário chinês, bem como o criador lendário de importantes elementos da cultura chinesa, como o taoísmo, a astrologia chinesa, o Shuai Jiao, a medicina chinesa e o feng shui. (Fonte: wikipedia)

O Imperador Amarelo foi dotado de talentos divinos, nos tempos antigos em que nasceu: na primeira infância já sabia falar, muito jovem ainda era dotado de entendimento e sagacidade, em adulto foi sincero e compreensivo e quando atingiu a perfeição ascendeu ao Céu.

Uma vez, o Imperador Amarelo dirigiu-se a T’ien Shih, o mestre divinamente inspirado, nos seguintes termos:

– Ouvi dizer que nos tempos antigos as pessoas viviam mais de um século e mesmo assim permaneciam ativas e não se tornavam decrépitas nas suas atividades. Hoje em dia, porém, as pessoas só vivem metade desses anos e mesmo assim tornam-se decrépitas e débeis. É porque o Mundo muda de geração para geração? Ou será porque a espécie humana está negligenciando as Leis da Natureza?

E Ch’i Po respondeu:

– Antigamente, essas pessoas que compreendiam o Tao moldavam-se de acordo com o Yin e o Yang e viviam em harmonia com as artes da adivinhação.

Havia temperança no comer e no beber. As suas horas de levantar e recolher eram regulares e não desordenadas e ao acaso. Graças a isso, os antigos conservavam os seus corpos unidos às suas almas, a fim de cumprirem por completo o período de vida que lhes estava destinado, contando cem anos antes do passamento.

Hoje em dia, as pessoas não são assim; consomem vinho como bebida e adotam a temeridade e a negligência como comportamento habitual. Entram na câmara do amor em estado de embriaguez; as paixões exaurem lhes as forças vitais; o ardor dos desejos dissipa lhes a verdadeira essência; não são hábeis na regulação da sua vitalidade. Devotam toda atenção ao divertimento dos seus espíritos, desviando-se assim das alegrias da longa vida.

Levantam-se e deitam-se sem regularidade. Por tais razões só chegam a metade de cem anos e degeneram.

Na antiguidade mais remota os ensinamentos dos sábios eram seguidos pelos que se encontravam abaixo deles. Os sábios diziam que a fraqueza, as influências insalubres e os ventos nocivos deviam ser evitados em ocasiões específicas. Sentiam-se tranquilamente satisfeitos no nada e a verdadeira força vital acompanhava-os sempre, preservavam dentro de si o vigor primitivo. Assim, como podia a doença acometê-los?

Reprimiam a vontade e reduziam os desejos; os seus corações estavam em paz e sem qualquer medo; os seus corpos labutavam e, contudo, não sentiam fadiga.

O seu espírito respeitava a harmonia e a obediência, estava tudo de acordo com os seus desejos e conseguiam o que desejassem. Achavam excelente qualquer espécie de comida e qualquer espécie de vestuário os satisfazia. Sentiam-se felizes em todas as circunstâncias. Para eles, não importava que um homem ocupasse na vida uma posição elevada ou inferior. Os homens assim se podem chamar puros de coração. Não há desejo capaz de tentar os olhos destas pessoas puras e sua mente não pode ser desencaminhada pelos excessos nem pelo mal.

Numa sociedade assim, quer os homens sejam sensatos, quer idiotas, quer virtuosos, quer, não tem medo de nada, estão de harmonia com o Tao, O Caminho Certo. Por isso, os antigos viviam mais de um século e permaneciam ativos e sem se tornarem decrépitos, porque a sua virtude era perfeita e nada jamais a punha em perigo.

O imperador perguntou:

– Quando as pessoas envelhecem, não podem mais ter filhos. É por terem esgotado a sua força na depravação ou por sorte natural?

Ch’i Po respondeu:

– Quando uma menina tem sete anos, as emanações dos seus rins tornam-se abundantes, começa a mudar os dentes e seu cabelo fica mais comprido. Quando completa o décimo quarto ano começa a menstruar, pode engravidar e o movimento do pulso da grande artéria é forte. A menstruação ocorre em períodos regulares e assim a moça pode dar à luz uma criança.

Quando a moça atinge a idade de vinte e um anos, as emanações dos seus rins são regulares, o último dente saiu e está completamente desenvolvida. Quando a mulher atinge a idade de vinte e oito anos, os seus músculos e ossos são fortes, o seu cabelo atingiu o comprimento máximo e o seu corpo está vigoroso e fecundo.

Quando a mulher atinge a idade de trinta e cinco anos, o pulso que indica a região da “Luz Solar” deteriora-se, o rosto começa a enrugar-se e o cabelo a cair.

Quando atinge a idade de quarenta e dois anos, o pulso das três regiões do Yang deteriorasse na parte superior do corpo, o rosto enruga-se todo e o cabelo começa a embranquecer.

Quando atinge a idade de quarenta e nove anos já não pode engravidar e a circulação do pulso da grande artéria diminui. A menstruação cessa, as portas da menstruação deixam de estar abertas; o corpo deteriora-se e a mulher deixa de poder gerar filhos.

Quando um rapaz tem oito anos, as emanações dos seus rins (testículos) estão completamente desenvolvidas: o cabelo cresce mais e começa a mudar os dentes.

Quando tem dezesseis anos, as emanações dos seus testículos tornam-se abundantes e começa a segregar sêmen. Tem uma abundância de sêmen que procura expelir, e se nessa altura o elemento masculino e o elemento feminino se unem em harmonia, pode ser concebida uma criança.

Na idade de vinte e quatro anos, as emanações dos testículos são regulares, músculos e ossos estão firmes e fortes, nasceu o último dente e o homem atingiu a altura máxima. Aos trinta e dois anos, músculos e ossos estão no seu apogeu, a carne é saudável e o homem é robusto e fecundo.

Na idade de quarenta anos, as emanações dos testículos diminuem, o cabelo começa a cair e os dentes a apodrecer. Aos quarenta e oito anos, o vigor masculino está reduzido ou esgotado, aparecem rugas no rosto e o cabelo das têmporas embranquece. Aos cinquenta e seis anos, a força do fígado deteriora-se, os músculos deixam de funcionar devidamente, a secreção de sêmen esgota-se, a vitalidade diminui, os testículos deterioram-se e a força física do homem chega ao fim. Aos sessenta e quatro anos, perde os dentes e o cabelo.

Os rins do homem regulam a água que recebe e armazena a secreção das cinco vísceras (coração, pulmão, fígado, rins e estômago) e dos seis intestinos (vesícula biliar, estômago, intestino grosso, intestino delgado, bexiga e o San Chiao (triplo aquecedor)). Quando as vísceras estão abundantemente cheias, encontram-se aptas a segregar: mas quando, nesse estágio, as cinco vísceras estão secas, os músculos e os ossos declinam, as secreções reprodutoras exaurem-se e, por isso, o cabelo do homem embranquece nas têmporas, o corpo torna-se pesado, a postura deixa de ser ereta e ele torna-se incapaz de procriar.

O imperador perguntou:

– Mas homens que, apesar de velhos em anos, geram filhos. Como é possível?

Ch’i Po respondeu:

– Trata-se de homens cujo limite natural de idade é mais elevado. O vigor do seu pulso permanece ativo e há um excedente de secreção dos seus testículos (rins). No entanto, se tiverem filhos, os homens não passarão dos sessenta e quatro anos e as filhas não ultrapassarão os quarenta e nove, pois nessa altura a essência do Céu e da Terra estará esgotada.

O imperador perguntou:

– Os que seguem o Tao, o Caminho Certo, e atingem assim a idade de cerca de cem anos, podem gerar filhos?

Ch’i Po respondeu:

– Os que seguem o Tao, o Caminho Certo, podem escapar à velhice e conservar o corpo em perfeitas condições. Embora velhos em anos, continuam capazes de gerar filhos.

Huang Ti disse:

– Ouvi dizer que em tempos antigos houve os chamados Homens Espirituais, que dominaram o Universo e controlavam o Yin e o Yang. Respiravam a essência da vida, eram independentes por preservarem o espírito e os seus músculos e a sua carne permanecia imutável. podiam, portanto, gozar uma longa vida, pois não há fim para o Céu e a Terra.

Tudo isso resultava da sua vida de harmonia com o Tao, o Caminho Certo.

“Nos tempos antigos, existiam os Sapientes, que preservavam a virtude e defendiam (infalivelmente) o Tao, o Caminho Certo. Viviam de acordo com o yin e o Yang e em harmonia com as quatro estações. Afastavam-se deste mundo e renunciavam à vida mundana, poupavam as energias e preservavam o espírito intacto. Viajavam por todo o Universo e eram capazes de ver e ouvir para além dos oito espaços distantes. Por tudo isso aumentavam e fortaleciam a sua vida e, por fim, atingiam o estágio do Homem Espiritual.

“Sucederam-lhes os Sábios, que alcançaram a harmonia com o Céu e a Terra e respeitaram estritamente as leis dos oito ventos”. Eram capazes de conciliar os seus desejos com os assuntos mundanos e o seu coração não conhecia o ódio nem a cólera. Não desejavam separar as suas atividades das atividades do Mundo e conseguiam ser indiferentes ao hábito.

Não esforçavam excessivamente o corpo no trabalho físico nem esforçavam excessivamente a mente em meditações extenuantes. Não se preocupavam com coisa alguma, consideravam fundamentais a felicidade e a paz interiores e a satisfação a mais elevada das realizações. Nada podia molestar-lhes o corpo nem atrapalhar as faculdades mentais. Assim conseguiam chegar à idade de cem anos ou mais.

“Sucederam-lhes os Homens de Excelente Virtude, que obedeceram às regras do Universo e emularam o Sol e a Lua, além de descobrirem a disposição das estrelas”. Podiam prever o funcionamento do Yin e do Yang e obedecer-lhe, e aprenderam a distinguir as quatro estações. Respeitaram os tempos antigos e tentaram manter-se em harmonia com o Tao. Fazendo-o, aumentaram a duração da sua vida, até uma idade avançada.

 

O Envelhecer: Uma Visão Segundo a Medicina Natural Chinesa

Da Velhice: considerações iniciais

A visão fragmentada do ser humano é resultado nítido da existência de paradigmas que, social e historicamente construídos, resultaram na dificuldade de pesquisar temas tão abrangentes como o envelhecimento.

O envelhecimento é a um só tempo, um fenômeno bio-fisiológico, psicológico, sociocultural e existencial. Apesar da variabilidade de seus marcadores cronológicos refere-se, em termos gerais e no plano biossocial a perdas e regressões claramente observáveis em todos os seres vivos e que, presentes ao longo da vida, resultam da ação de diferentes variáveis, a exemplo das genéticas, dos danos acumulados e do estilo de vida, além das alterações psicoemocionais (GUEDES 2001). Como tal, é um fenômeno altamente complexo e variável, comum a todos os membros de uma determinada espécie, envolvendo mecanismos deletérios que afetam a capacidade de desempenhar um grande número de funções (HEIKKINEN 1998). Trata-se de um processo multidimensional e multidirecional, pois há grande variabilidade na taxa e direção das mudanças (ganhos e perdas) em diferentes características, em cada indivíduo e entre indivíduos (HEIKKINEN 1998).

Hoje o envelhecimento é visto como uma fase de desenvolvimento humano e não como período exclusivamente de perdas e incapacidades. É um processo que acompanha todo o percurso de vida. Ser velho significa “ter muitos anos”, ter vivido e ter envelhecido (HARMAN, 1998).

Como fenômeno mundial, o envelhecimento populacional levanta questões importantes, tanto do ponto de vista individual, como do ponto de vista coletivo (social, cultural, econômico, de saúde, etc.); questões que são interdependentes. Segundo SPIRDUSO (1989), uma das questões mais importantes é saber se o ciclo de vida aumentado pode ser vivido com qualidade, ou se constitui apenas um período de maior prevalência de estados patológicos e de morbidades que precedem à morte.

O envelhecimento traz, como uma de suas consequências, a diminuição do desempenho motor na realização das atividades da vida diária (AVD), o que, entretanto, não leva as pessoas a se tornarem, necessariamente, dependentes de outros. Embora cerca de 25% dos idosos cheguem ao estado de dependência para realizar tarefas cotidianas (SPIRDUSO, 1989), o que é uma parcela considerável da população, essa situação não se aplica à totalidade dos idosos, nem é uma condição que todos enfrentarão quando envelhecerem.

 

FISIOTERAPIA

Definição

A Fisioterapia é uma ciência tão antiga quanto o homem. Surgiu com as primeiras tentativas dos ancestrais de diminuir uma dor esfregando o local dolorido e evoluiu ao longo do tempo com a sofisticação, principalmente, das técnicas de exercícios terapêuticos.

A Fisioterapia como profissão nasceu em meados do século XX, quando as duas guerras mundiais causaram um grande número de lesões e ferimentos graves que necessitavam de uma abordagem de reabilitação para reinserir as pessoas afetadas novamente em uma vida ativa. Inicialmente executada por voluntários nos campos de batalha, a Fisioterapia acompanhou as grandes mudanças e transformações do século XX e os profissionais que a desempenhavam souberam agregar novas descobertas e técnicas às suas práticas, sofisticando e desenvolvendo uma ciência própria e um campo específico de atuação, independente das outras áreas da saúde.

Ainda uma ciência em construção, os paradigmas da profissão se encontram abertos e em franca evolução, sempre em busca de mais conhecimento cientifico, revertendo-o em prol da comunidade.

No Brasil, a Fisioterapia iniciou-se dentro da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, em 1929, mas foi só em 1951 que foi criado o primeiro curso para formação de fisioterapeutas, na época denominados técnicos, com duração de um ano.

 

Em 1959 foi criada a Associação Brasileira de Fisioterapeutas (ABF), que se filiou a WCPT (World Confederation for Physical Therapy), cujo objetivo era buscar o amparo técnico-científico e sócio-cultural para o desenvolvimento da profissão. Somente no dia 13 de outubro de 1969, a profissão adquiriu seus direitos, por meio do Decreto-lei nº 938/69, no qual a Fisioterapia foi reconhecida como um curso de nível superior e definitivamente regulamentada.

Fonte: crefito 3